"Sentença de morte". Rússia envia general crítico do Governo para liderar combates de alto risco na Ucrânia
O general russo Ivan Popov, demitido e detido há dois anos após ter criticado duramente o Ministério da Defesa da Rússia, vai regressar ao campo de batalha. No entanto, de acordo com a imprensa estatal, foi-lhe atribuído o comando de uma unidade Storm-Z, composta por prisioneiros recrutados para combates de alto risco no terreno. Analistas comparam a decisão a "uma sentença de morte".
"As Forças Armadas da Ucrânia não conseguiram romper o nosso Exército pela frente, (mas) o nosso comandante superior atingiu-nos pela retaguarda, decapitando traiçoeiramente e vilmente o Exército no momento mais difícil e tenso", afirmou na mensagem, enviada em julho de 2023.
O general disse ainda que, quando se queixou da falta de artilharia e de outras questões, "os comandantes superiores sentiram o perigo e rapidamente, num dia, inventaram uma ordem para o Ministro da Defesa, retiraram-me e livraram-se de mim".
Na semana passada, a defesa de Popov conseguiu chegar a acordo com o Ministério da Defesa para que o general regressasse ao ativo e ficasse livre de uma eventual pena de prisão.
“Nós, juntamente com o Ministério da Defesa, apresentámos um pedido de suspensão do processo (…), com a decisão positiva de enviar o Ivan para a Operação Militar Especial”, ou seja, para a guerra na Ucrânia, adiantou o advogado Sergei Buinovsky.
Popov não vai, porém, regressar ao 58.º batalhão, no qual estava colocado antes da demissão. Segundo o jornal russo Kommersant, o general será enviado para a Ucrânia “como comandante de uma das unidades Storm-Z”, conhecidas por serem compostas essencialmente por prisioneiros recrutados para combates de alto risco no terreno.
Kateryna Stepanenko, do Instituto para o Estudo da Guerra, sediado em Washington, explicou à CNN que a missão de Popov equivale “a uma sentença de morte, já que o comando militar russo utiliza as unidades Storm-Z sobretudo em ataques frontais suicidas”.
O Kremlin tem continuado a usar prisioneiros na guerra contra a Ucrânia e, recentemente, Vladimir Putin prometeu atribuir o estatuto de veterano aos membros das unidades Storm-Z. “Vamos definitivamente resolver isso”, assegurou. “Tenho ótimos contactos, vou chegar a acordo com o Governo e os deputados”.
c/ agências